Etnomapeamento da Vila Espirito Santo do Tauá

O etnomapeamento participativo da Vila Espírito Santo do Tauá, um processo coletivo de escuta, reconhecimento e representação dos usos, histórias e saberes que compõem o território vivido pela comunidade. A partir de oficinas, caminhadas, conversas e registros visuais, construímos junto aos moradores um mapa que expressa as áreas de pesca, roça, moradia, espiritualidade e memória.

TECER TERRITÓRIOS

6/19/20252 min read

O etnomapeamento da Vila Espírito Santo do Tauá, em Santo Antônio do Tauá (PA), foi um marco importante no trabalho da nossa organização, ainda sob o nome Velho Farol, antes do rebranding que deu origem à Caeté. O processo foi conduzido em profunda colaboração com os moradores da vila e com a Casa de Memórias da Vila, representada por Adenilse Borralhos, Ronaldo Barbosa, Adriano Barbosa e Ana Diniz.
Fruto de uma parceria com o Professor Gustavo Moura (Faculdade de Oceanografia da UFPA) com a participação ativa de estudantes da graduação em Oceanografia. Os alunos se envolveram nas etapas do etnolevantamento e etnomapeamento, aprendendo com os moradores e contribuindo para registrar com sensibilidade as formas de uso, manejo e vivência do território.
O processo envolveu oficinas, caminhadas, registros audiovisuais, desenho coletivo e muito diálogo. O mapa final, longe de ser apenas técnico, é uma materialização do vivido: nele estão demarcadas as áreas de roça, as várzeas produtivas, os limites da vila, o domínio marítimo e a borda do mar — espaços onde o cotidiano se desenrola entre marés e memórias. Também foram identificadas áreas sagradas, fundamentais para a espiritualidade local e para a compreensão do território como um corpo coletivo, habitado também por encantados e ancestralidades.
O resultado foi um conjunto de mapas construídos com base nos critérios da própria comunidade, que hoje são utilizados de forma autônoma como instrumentos de fortalecimento político, reivindicação de direitos e proteção do território. Esses materiais ajudaram a afirmar o pertencimento, a visibilizar as práticas tradicionais e a estabelecer um diálogo mais justo com políticas públicas, instituições e processos de reconhecimento territorial. Um dos mapas construídos está expresso abaixo (Figura 1).
Tecer Territórios, hoje sob a bandeira da Associação Caeté, segue enraizado nesse princípio: o território é conhecido porque é vivido, e é defendido porque é sentido. Mapear, nesse contexto, é um gesto de resistência e de criação coletiva.

Figura 1: Mapa da Área Territorial Terrestre da Vila Espirito santo do Tauá, Santo Antônio do Tauá, PA;